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“O meu pai quis desfazer-se de mim quando eu era só uma criança inocente. Ele achava que eu era criança iran”, revela o cantor numa das faixas.
O conceituado músico guineense, Binhan Quimor, traz ao público, na última semana de maio deste ano, o seu novo álbum musical intitulado “Nha Mininessa”, em português, a minha infância. Um trabalho cheio de sentimentos, memórias dolorosas e histórias que retratam a infância do próprio cantor, revelando a trágica situação de infanticídio de que foi vítima há mais de 30 anos, quando ainda era uma inocente criança.
É sabido que ainda há no interior da Guiné-Bissau, embora em menor escala e cada vez menos conhecida, a fatal e inaceitável crença que toma por iran qualquer criança que se apresente com anomalias, causadas por doenças de foro físico ou mental, paralisantes ou não, e sempre que a comunidade se veja incapaz de combater a enfermidade. Desde que seja proveniente de causas desconhecidas, a anormalidade pela falta de saúde, é atribuída à responsabilidade de seres sobrenaturais, a quem se pretende combater, na verdade, aceitando, por isso, a prática de rituais que implicam, às vezes, a suposta morte daquele ser maligno, que terá nascido no corpo da criança doente.
UM DOS TEMAS DO ÁLBUM
Embora seja criminalizada legalmente, o infanticídio não se revela fácil de provar, conquanto as comunidades envolvidas preferem sempre guardar o silêncio, na medida em que também acreditam na teoria da morte do iran que terá nascido no corpo de uma pobre criança, não encarando assim a prática com alguma censura. Não fosse porque é trágico e mata, diríamos que se trata de uma questão de perspetivas, mas é condenável e quase o mundo ficaria sem o grande Binhan por causa desta crença. Há umas três décadas, o renomado Binhan Quimor, conhecido no mundo da música pelas denúncias e abordagens assertivas sobre os reais problemas sociais, políticos e económicos do país, foi vítima de infanticídio, experiências que, desta vez, decidiu trazer no álbum a que intitula de “Nha Mininessa”, onde vai buscar as memórias mais trágicas, porém, mais melodiosas da sua vida.
“O meu pai quis desfazer-se de mim quando eu era só uma criança. Para ele, eu era uma criança iran”. Diz a letra da faixa que aborda o assunto. “Fui abandonado à beira-mar, para quando viesse a maré cheia, me levasse para as profundezas do mar. Porém, depois de várias horas, sempre a chorar, a minha mãe veio ao meu socorro, graças a Deus, encontrou-me ainda vivo, e levou-me de volta para casa. A minha mãe sempre soube que um dia eu seria ‘homem’.” Revela, algo melancólico e emotivo. Ato contínuo, pode-se ouvir ainda na mesma faixa que: “Passado algum tempo, foi um tio meu visitar-nos à nossa tabanca, só que eu estava muito doente, enfim, ele decidiu que ia levar-me para junto dele para uma outra tabanca. Porém, o meu pai, advertindo-o de que estaria a perder o seu tempo, porque eu não teria assim tanto tempo de vida, não quis facilitar. Mesmo assim, o meu tio respondeu, dizendo-lhe que havia outra terra onde me podia levar para tratarem da minha saúde. E se acontecesse alguma coisa, ele própria faria o meu funeral, porque sabia que um dia eu seria ‘homem’”.
A música termina com o clamor de que agora se pode confirmar de que Binhan não só é humano como já é homem feito. “Hoje sou homem. Hoje levo comigo a bandeira da Guiné-Bissau para onde quer que vá e em todos os palcos que vou pisando, confirma-se que sou homem e humano”.
O músico chama a atenção das autoridades nacionais, no sentido de agirem com urgência em luta contra a prática em causa e para a proteção de muitas crianças inocentes. “Por isso o Estado tem de trabalhar afincadamente para terminar de vez com este crime que mata crianças inocentes, consideradas irans. Porque somos diferentes e cada um nasce à sua maneira. Com tom de pele, tamanho e pensamento diferentes. Este é o mundo das adversidades.” Conclui.
Na Guiné-Bissau, são frequentes os casos de abusos contra crianças, sendo menos noticiados os crimes contra as crianças consideradas irans, porque a questão continua a ser um tabu na sociedade, apesar da frequência com que outrora acontecia a prática de infanticídio, sobre bebês que nascem diferentes, seja por causa de uma doença congénita ou adquirida.
Nha Mininessa é o segundo e recente álbum de Binhan Quimor, e será lançado no próximo dia 27 de maio de 2024. É um álbum com 10 faixas musicais, na sua maioria expressando a história real da vida do próprio cantor, vítima de infanticídio na sua primeira infância.
Written by: mileniofm
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LIL AS
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Mamadú Nfande on April 5, 2024
Super! Binham, força suponho que seu novo vai trazer muitas alegrias aos Guiguis
Sabino José Sanhá on April 5, 2024
Que lindo meu amado 💕💕💕 é sempre e sempre será musico da minha preferência
Quintino W. Nancanha on April 5, 2024
“NFUL” É o nome que nós chamamos uns aos outros quando éramos pequenos era o nome de Sapo Fora na DISCOTECA VAMAFIL.
Minhas Felicitações e desejo de um grande sucesso na vida amigão.
Quintino Nancanha
BOA SORTE….
Lurdes Teixeira Monteiro on April 6, 2024
Olha Binham desejo só coragem nesta sua longa caminhada que tudo lhe cora bem pela frente. Te conheci estudamos juntos se lembrar e com o Elizeu, o irmão dele Hernesto. Gosto muito das suas músicas principalmente os toques e pelo significado também. Desejo boa sorte. Abraço
Marciano A. Lona on April 7, 2024
Binhan eu sou o seu fan.
Domingos Vanghe Infanda on April 12, 2024
Supremo Binham Quimor